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segunda-feira, 21 de março de 2011

Sintonia


O centésimo macaco

Pesquisas indicavam que não mais do que 10% dos brasileiros consideram o meio ambiente como proposta prioritária para as diretrizes de governo. As atenções estavam na saúde, educação, emprego e principalmente segurança.

Talvez tenha sido o motivo da candidata a Presidência da República, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nas pesquisas que antecederam a eleição presidencial ter obtido percentual semelhante. Da mesma forma nos programas dos demais candidatos a pauta ambiental não ocupou espaço de maior destaque.

Isso faz crer que a maioria dos brasileiros não percebeu que os aspectos ambientais não deveriam permanecer dissociados das questões sobre desenvolvimento social e econômico.

Do ponto de vista de perspectiva estatística, estima-se que se apenas 1% de 1% da população mundial, ou seja, dos seis bilhões de pessoas existentes no planeta, apenas 600 mil iniciassem um processo de transformação ou mudança nos hábitos culturais, haveria grande probabilidade de ocorrer um desencadeamento geométrico, envolvendo por sintonia as pessoas restantes.

A essa premissa o biólogo Lyall Watson denominou “síndrome do centésimo macaco”.

Foi fundamentada em fenômeno observado por ele, em um grupo de 100 macacos de uma ilha próxima ao Japão. A introdução de novo alimento, – batatas-doce recentemente desenterradas e cobertas de areia –, no regime alimentar do grupo, inicialmente foi recusada.  O fato de que na dieta tradicional não havia necessidade de qualquer preparo, tornou-os relutantes em comer as batatas cobertas de areia. A dúvida só foi resolvida quando um dos macacos teve a iniciativa de lavá-las num riacho. A atitude acabou copiada pela mãe, os irmãos, a família inteira e por extensão pelos demais integrantes do grupo.

Nesse momento, Watson observou o fenômeno da sintonia em cadeia, baseado na prática progressiva de cada indivíduo ao lavar as batatas no riacho até chegar ao centésimo integrante do grupo.

Curiosamente, a partir desse momento, outros macacos de outras ilhas e que não tinham contato algum com aquele grupo, começaram a fazer a mesma coisa sem nenhuma justificativa aparente.

A explicação para o fenômeno estaria na constatação de que, quando os pensamentos comuns entre seres vivos têm origem em uma necessidade, acabam por encontrar um caminho através da consciência coletiva.

A analogia que pode ser feita entre essas observações e as condições surgidas com os novos paradigmas ambientais é que eles representam o ponto de partida para a sensibilização que poderá levar a humanidade para a adoção da sustentabilidade.

Portanto, não se deve duvidar que um pequeno grupo de cidadãos pensantes possa mudar o mundo, pois, verdadeiramente, é o que realmente tem acontecido na história da humanidade.

Por Werney Serafini, em O Correio do Litoral.


 
Pelo menos para os macacos parece que funciona.
Melhor dizendo: parece que os macacos tão se dando melhor!

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